quinta-feira, 27 de maio de 2010

A Ilha Dourada


Os relacionamentos são muito estranhos...

Existem os relacionamentos sociais, como o casamento (com ou sem amor), a família, o "porto seguro" como eu lhe costumo chamar.
O "porto" que todos desejam e procuram, o que evita a solidão, o que traz o bem estar, o que dá uma felicidade razoável, mas morna de emoções, carências camufladas.
Muitas delas sem consciência. O que transporta um dos bens mais preciosos - a família.
O maior dos amores pode apagar-se na monotonia ou, pelo contrário, conservar a frescura do início. Mas para isso não poderá haver "envenenamentos".

E existe o relacionamento que não é social a que Francesco Alberoni exemplificou com a "Ilha Dourada".

Essa ilha tem a ver com um amor secreto, proibido e condenado socialmente.
Trata-se de alguém que é casado e sente amor por outra pessoa.Um amor que não é projectado para se tornar uma vida social em comum, mas como uma relação secreta, cercada por altas muralhas de silêncio e dissimulação.
A relação amorosa é separada do mundo, protegida na sua pureza, arrebatada à vida de
todos os dias, ao controle social. Os encontros amorosos são orgias sagradas protegidas pelo segredo.

O encontro, neste tipo de amor, tem um valor em si, não é um meio, mas sim um fim, não é uma etapa, mas sim uma meta. Não se projecta no futuro, não faz projectos. de cada vez poderia ser o último, e por isso saboreado até ao fim.

Os encontros ocasionais, secretos, conservam um carácter extraordinário também para o erotismo.Se esses encontros tivessem de se tornar diários, se a relação tivesse de ser manifesta, se o amante tivesse de se tornar marido ou mulher, talvez o encantamento se desvanecesse. Alguma paixões eróticas intensas conseguem durar muitos anos, precisamente porque são descontínuas e secretas (...)


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