quinta-feira, 13 de maio de 2010
O Gigante Adamastor
Para se gostar de História e desenvolver o gosto por ela, não posso limitar-me ao que o manual dos meus alunos conta. Sendo assim tornar-se-ia uma "seca", como eles dizem muitas vezes.
Contar histórias de amor, lendas, mostrar imagens à volta delas é o que alicia os alunos.
Não passo pelas Descobertas, tema do 5ºAno, sem lhes mostrar a figura horrenda do gigante Adamastor.
Cinco dias depois da paragem na Baía de Santa Helena, chega Vasco da Gama ao Cabo das Tormentas e é surpreendido por uma nuvem negra “tão temerosa e carregada” que pôs nos corações dos portugueses um grande “medo” e leva Vasco da Gama a evocar o próprio Deus todo poderoso.
Foi o aparecimento do Gigante Adamastor, uma figura mitológica criada por Camões para significar todos os perigos, as tempestades, os naufrágios e “perdições de toda sorte” que os portugueses tiveram de enfrentar e transpor nas suas viagens.
Esta aparição do Gigante é caracterizada directa e fisicamente com uma adjectivação abundante e é conotada a imponência da figura e o terror e estupefacção de Vasco da Gama, e seus companheiros, que o leva a interrogar o Gigante quanto à sua figura, perguntando-lhe simplesmente “Quem és tu?”.
O Gigante num tom de voz “horrendo e grosso” anuncia os castigos e os danos por si reservados para aquela “gente ousada” que invadira os seus “vedados términos nunca arados de estranho ou próprio lenho”.
O Gigante Adamastor diz ainda que as naus portuguesas terão sempre “inimigo a esta paragem” através de “naufrágios, perdições de toda a sorte, que o menor mal de todos seja a morte”, a fazer lembrar as palavras proféticas do Velho do Restelo.
Após o seu desabafo junto dos lusitanos, a nuvem negra “tão temerosa e carregada” desaparece e Vasco da Gama pede a Deus que remova “os duros casos que Adamastor contou futuros”.
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