quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Passeio bucólico






Caminhamos em direcção ao terreno pantanoso, onde uma garça real esvoaçava.
Pelo caminho encontramos um cogumelo amarelinho e fomos envolvidos pelo cheiro a eucalípto e um silêncio reconfortante.

São dias como este que nos fazem recordar as palavras do nosso poeta...

A vida é feita de nadas:
De grandes serras paradas
À espera de movimento;
De searas onduladas
Pelo vento;

De casas de moradia
Caídas e com sinais
De ninhos que outrora havia
Nos beirais...
( Miguel Torga)

E eu acrescento...

A vida é feita de pequenos momentos,
que nos fazem sentir bem.

A beleza absoluta!








"O Douro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso da natureza. Socalcos que são passadas de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor, pintor ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis da visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta."

(Miguel Torga, Diário XII).

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Uma verdadeira trama de personagens...

Os pais do padre Dinis.


As intrigas das fidalgas moralistas


A casa do conde de Santa Bárbara, onde Ângela de Lima, prisioneira do seu marido, se encontrava.


Um pirata sanguinário tornado próspero homem de negócios e uma condessa roída pelo ciúme e sedenta de vingança.




Um aristocrata libertino que se torna padre justiceiro, transformando-o ora em cigano, ora em poeta romântico.


Ângela de Limas, uma mulher sofrida que viveu um amor proibido pelo pai. Desse amor nasce Pedro.



Vi e gostei! Tirando a parte em que estar quatro horas sentada me fez "virar" e "revirar", à procura de uma posição que me fizesse sentir confortável. A teia destas personagens era deveras aliciante e fizeram-me esquecer o cansaço de tão longa metragem...

A personagem "Pedro Silvas", órfão de um colégio interno, vai ter o destino marcado por várias personagens e lugares que se estendem até ao Brasil.

sábado, 23 de outubro de 2010

É tudo tão fugaz e tão breve...

Mistérios de Lisboa




" O encontro entre o chileno Raul Ruiz e o português Camilo Castelo Branco não estava escrito nas estrelas" mas aconteceu ...

Eu era um rapaz de catorze anos...



Mistérios de Lisboa, publicado em 1854, é um romance assente numa saga familiar passada nos finais do séc.XVIII, primeira pessoa, ao jeito de biografia...

" Eu era um rapaz de catorze anos, e não sabia quem era. Vivia na companhia de um padre, e de uma senhora, que diziam ser irmã do padre, vinte rapazes, que eram meus condiscípulos".

A personagem central desta trama camiliana é um jovem fruto de um amor proibido e motivo de uma grande tragédia intemporal que atravessa gerações, e que revela segredos tão profundos como a decadência da humanidade...


" Amores proibidos"...será que eles existem?
Tenho um amigo meu que diz que não "há essa coisa". Discordei e depois reflecti.

sábado, 16 de outubro de 2010

O mistério da Lua - A Bella Luna



Para mim esta letra de Jason Marz significa algo por acabar na minha vida...


Mistério da lua

Um buraco no céu

Uma sobrenatural luz nocturna

Tão plena, mas geralmente correcta

Um par de olhos, mas dos mais íntimos

Uma criança escolhida no sol dourado

Um cão petrificado que persegue carros

Para alcançar a mais longínqua das praias,muito além de um mar nadante



O cósmico peixe que eles gostam de beijar

Dando luz às contelações

Sem acordes e sem restrições

Se elas caírem você tem direito a um desejo ou

dedicação

Posso sugerir-lhe o melhor

Que é nada mais nada menos que você e eu

Vamos dar uma chance, enquanto cresce esse romance, antes que percamos a luminoisidade

Ah, Bella Luna, por favor

Oh Bella faça o que for

Faça



Você é uma âncora iluminante

De ligas de número infinito

De rebentões de maré de trovões destruidores

Vazando a maré em fluxos de ardente desejo

Você está dançando nua para mim

Você expõe todas as recordações

Você faz a maior parte das marcações

Você é o fantasma da corte impondo amor

Você é a rainha e o rei combinando tudo

Entrelaçada como um anel ao redor de um dedo,

de uma garota

Eu sou apenas um cantor, você é um mundo

Tudo o que posso trazer-te

É a linguagem de um amante

Bella Luna, minha linda, linda lua

Como você me desfalece como nenhum outro



Posso sugerir-lhe o melhor

dos seus desejos posso insistir

que não conteste por pouco de você

ou menos de mim

Uma maior chance, juntos, mas todos podem mentir

quanto à origem, quanto à margem das nossas vidas

Bella, por favor

Bella, você, linda lua

Oh, bella faça o que for

Bella Luna

Minha linda, linda lua

Como você me desfalece como nenhuma outra, oh, oh,

oh

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Amizade, a melhor especiaria mexicana!



Iguarias mexiacanas foi a ementa escolhida para um encontro de amigos.
Não faltou o Chili, os tacos que queimaram um pouco ( a conversa estava tão condimentada que esqueci-me deles no forno), o guacamole e as margaritas.

Receita do guacamole

2 abacates grandes
1 colher de sopa de cebola picada
2 pimentas vermelhas frescas
Suco de 1/2 limão
Sal a gosto

Cortar os abacates na metade, tirar o caroço e remover a polpa
Amassar com um garfo (podem ficar pedacinhos do abacate)
Em um recipiente, misturar o abacate amassado, a cebola, a pimenta, Acrescentar o sal e o suco de limão

Depois é só mergulhar no guacamole o que quiser.


Receita da Margarita


Esfregue a fatia de limão na borda de uma taça, coloque espalhado em um prato e encoste a borda da taça no prato para fazer a crosta de sal na taça.
Coloque em uma coqueteleira o suco de limão, licor, tequila e cubos de gelo.
Agite bem e despeje na taça eliminando as pedras de gelo. Sirva.

Apetece estar sempre a beber!

O homem e o mito



A imagem do Che é mítica em toda a América Latina. Na localidade onde foi assassinado em 1967, ergue-se actualmente uma estátua em sua homenagem. Ironicamente passou a ser conhecido na região como "San Ernesto de La Higuera" pela população local, que o ignorara quando esteve vivo.

O regime cubano ainda hoje homenageia Che Guevara, onde é objecto de veneração quase religiosa; as crianças nas escolas cantam: "Pioneros por el comunismo, Seremos como el Che". Seu mausoléu em Santa Clara atrai, todos os anos, milhares de visitantes, muitos dos quais estrangeiros.

Mas não podemos esquecer, por muito que admiremos a luta que travou contra as injustiças, as centenas de execuções sumárias que Che aprovou pessoalmente...

Admiro-o e condeno-o.

Che Guevara - o homem


A imagem mais emblemática dele, com a célebre boina.

Entrada na guerrilha

Em 1954, conheceu, no México, Raúl Castro e logo depois o irmão Fidel Castro. Entrou para o grupo revolucionário de Castro, que se instalou na região de Sierra Maestra, em 1957. Pretendiam derrubar o governo de Fulgencio Batista, que era apoiado pelos Estados Unidos, e implantar o socialismo na ilha.

Após a vitória dos revolucionários, em 1959 e a implantação do socialismo em Cuba, Che Guevara tornou-se membro do governo cubano de Fidel Castro, exercendo as funções de embaixador, presidente do Banco Nacional e Ministro da Indústria.

Em 1961, Che visitou o Brasil e foi condecorado, pelo então presidente Jânio Quadros, com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul.

Che Guevara acreditava que a revolução socialista, contra o imperialismo comandado pelos Estados Unidos, deveria ser levada para outros países. Lutou no Congo (África) e depois foi para a Bolívia, onde estabeleceu uma base guerrilheira. Pretendia unificar os países da América Latina sob a bandeira do socialismo e invadir a Argentina.

Com pouco conhecimento do território e sem apoio dos camponeses e do partido comunista boliviano, sua luta tornou-se difícil. Foi capturado pelos soldados bolivianos, na selva de La Higuera (Bolívia), em 8 de Outubro de 1967. No dia seguinte foi executado.

Mas o homem não acaba aqui, pois o mito continua...

Che Guevara - Juventude

Aqui tem um ar de "menino bem comportadinho".


Em 1947, a família Guevara fixa a sua residência em Buenos Aires e Ernesto entra na Faculdade de Medicina.
Continua os seus estúdos universitários demostrando um especial interesse pela investigação da asma, alergias, lepra e a teoria sobre a nutrição.

Mais tarde decide viajar...

A visita às minas de cobre de Chuquicamata (Chile) resulta particularmente reveladora, porque em nenhum lugar como aquele haviam chocado com um similar nível de exploração dos trabalhadores, e de discriminação dos nativos em relação aos yankees. A dor da América latina desce nos nervos do estudante argentino: aqui está a realidade neocolonial, descarnada mais do que qualquer livro poderia descrever. Existe uma crónica que o Che escreveu posteriormente a esta primeira viagem, titulada Entendámonos.

Regressa a Buenos Aires decidido em terminar a carreira de medicina. No dia 12 de junho de 1953 recebe o título de médico.

Em julho de 1953, começa a segunda viagem para a América Latina. Nesta ocasião visita Bolívia, Perú, Equador, Colómbia, Panamá, Costa Rica, El Salvador e Guatemala. Quando Ernesto percorre os países do litoral pacífico da América do Sul, durante as visitas ás minas de cobre, ás povoações indígenas e às gafarias, onde ele mostra a sua profunda humanidade, vai crescendo sempre maior o seu modo revolucionário de pensar e o seu firme anti-imperialismo.
Na Guatemala conhece Hilda Gadea, com a qual contrai matrimónio no Verão de 1955 e de cuja união nasce Hilda Guevara Gadea.
Durante este mesmo ano de 1955 conhece Fidel Castro.

[...] Em terra azteca voltei a encontrar-me com alguns elementos de 26 de Julho que eu tinha conhecido em Guatemala e fiz amizade com Raul Castro, o irmão mais novo de Fidel. Ele apresentou-me ao chefe do Movimento quando já estavam planeando a invasão de Cuba.[...] Falei com Fidel toda a noite. E ao amanhecer já era o médico da sua futura expedição. Na realidade, depois da experiência vivida através os meus percursos por toda América Latina, não me faltava muito para me incitar a entrar em qualquer revolução contra um tirano, mas Fidel impressionou-me como um homem extraordinário. As coisas mais impossíveis eram as que encarava e resolvia. Tinha uma fé excepcional em que uma vez que tinha saído para Cuba, aí ia chegar. E que uma vez chegado ia lutar. E que lutando, ia ganhar. Dividi o seu optimismo. Tínhamos que fazer, que lutar, que concretizar. Tínhamos de parar de chorar e começar a lutar. E para mostrar ao povo da sua pátria que podiam ter fé nele, porque o que dizia fazia, disse as famosas palavras: "em '56 seremos livres ou seremos mártires", e anunciou que antes de terminar o ano ia desembarcar num lugar de Cuba à frente do seu exército.No dia 31 de dezembro de 1958 é o triunfo da Revolução

Che Guevara - infância

O pequeno Ernesto em 1929

Nasceu na Argentina, numa família de classe média alta e antiperonista. Com dois anos sofreu o seu primeiro ataque de asma. Estudou grande parte do ensino fundamental com sua mãe em casa, onde havia uma biblioteca de cerca de três mil volumes com obras de Marx, Engels e Lenin, com os quais se familiarizou em sua adolescência. Por volta dos 12 ou 13 anos lia frequentemente. Sabe-se que leu Júlio Verne, Alexandre Dumas, Baudelaire, Neruda e Freud aos 15 anos.

Diários de Che Guevara


Sempre me fascinou esta personagem que se tornou lendária.
Quando despoletou a sua alma revolucionária, o que o fez mudar...seria um jovem igual a tantos outros, que nem reflectia sobre as injustiças?

Ao ler o resumo de um dos seus diários, fiquei a saber que ele um dia partiu com um amigo, em viagem pela América Latina. Esta jornada torna-se na inspiração das suas ideias revolucionárias.


Em Janeiro de 1952, Ernesto (Gael Garcia Bernal, Amor Cão), estudante de medicina de 23 anos e Alberto (Rodrigo de La Serna) bioquímico, partem numa velha mota, uma Norton 500 conhecida como 'Poderosa' numa viagem de oito meses que os vai levar de Buenos Aires até ao destino final, a península de Guajira, na Venezuela.

Na sua rota, atravessaram a província argentina de Córdoba, Buenos Aires, a Patagónia, a cidade chilena de Valparaíso, o deserto de Atacama, Machu Pichu e a colónia San Pablo, uma leprosaria do Peru, chegando até à Colômbia e Venezuela, para regressar a Buenos Aires, após uma escala em Miami.


O que começa como uma aventura muda pouco a pouco de forma. O confronto com a realidade social e política da América Latina altera a percepção que os dois viajantes têm do mundo, despertando novas vocações, associadas ao desejo de justiça social.
Diários de Che Guevara, é um trabalho envolvente, aguardado por todos que sempre admiraram a vida deste revolucionário controverso, e que poderão agora conhecer um pouco da sua vida, antes de se tornar o lendário Che Guevara.

terça-feira, 12 de outubro de 2010



'' ... Saudade é amar um passado que ainda não passou,
É recusar um presente que nos machuca,
É não ver o futuro que nos convida ... ''

Pablo Neruda

domingo, 10 de outubro de 2010

Solomon Burke



Recordar...continua "vivo".

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Caricatura de Afonso Costa



Afonso Costa, o mais fanático de todos os republicanos!

Todos os que estivessem ligados à religião passaram a ser conotados com a monarquia e, automaticamente, tornaram-se inimigos do estado prontos a abater.
O apertar do pescoço mostra bem o "amor" que ele sentia pelos padres.

Os dez anõezinhos da Tia Verde-Água





Era uma mulher casada, mas que se dava muito mal com o marido, porque não trabalhava nem tinha ordem no governo da casa; começava uma coisa e logo passava para outra, tudo ficava em meio, de sorte que quando o marido vinha para casa nem tinha o jantar feito, e à noite nem água para os pés nem a cama arranjada. As coisas foram assim, até que o homem lhe pôs as mãos e ia-a tocando, e ela a passar muito má vida. A mulher andava triste por o homem lhe bater, e tinha uma vizinha a quem se foi queixar, a qual era velha e se dizia que as fadas a ajudavam. Chamavam-lhe a Tia Verde-Água:
– Ai, Tia! vossemecê é que me podia valer nesta aflição.
– Pois sim, filha; eu tenho dez anõezinhos muito arranjadores, e mando-tos para tua casa para te ajudarem.
E a velha começou a explicar-lhe o que devia fazer para que os dez anõezinhos a ajudassem; que quando pela manhã se levantasse fizesse logo a cama, em seguida acendesse o lume, depois enchesse o cântaro de água, varresse a casa, aponteasse a roupa, e no intervalo em que cozinhasse o jantar fosse dobando as suas meadas, até o marido chegar. Foi-lhe assim indicando o que havia de fazer, que em tudo isto seria ajudada sem ela o sentir pelos dez anõezinhos. A mulher assim o fez, e se bem o fez melhor lhe saiu. Logo à boca da noite foi a casa da Tia Verde-Água agradecer-lhe o ter-lhe mandado os dez anõezinhos, que ela não viu nem sentiu, mas porque o trabalho correu-lhe como por encanto. Foram-se assim passando as coisas, e o marido estava pasmado por ver a mulher tornar-se tão arranjadeira e limposa; ao fim de oito dias ele não se teve que não lhe dissesse como ela estava outra mulher, e que assim viveriam como Deus com os anjos. A mulher contente por se ver agora feliz, e mesmo porque a féria chegava para mais, vai a casa da Tia Verde-Água agradecer-lhe o favor que lhe fez:
– Ai, minha Tia, os seus dez anõezinhos fizeram-me um servição; trago agora tudo arranjado, e o meu homem anda muito meu amigo. O que lhe eu pedia agora é que mos deixasse lá ficar.
A velha respondeu-lhe:
– Deixo, deixo. Pois tu ainda não viste os dez anõezinhos?
– Ainda não; o que eu queria era vê-los.
– Não sejas tola; se tu queres vê-los olha para as tuas mãos, e os teus dedos é que são os dez anõezinhos.
A mulher compreendeu a coisa, e foi para casa satisfeita consigo por saber como é que se faz luzir o trabalho.



Recolha de Teófilo Braga

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

U2 - Monumentais!



Entraram ao som de Major Tom de David Bowie perante o delírio da multidão e a introdução foi feita ao som da nova Return of the stringray guitar, com Bono, blusão negro, gritando "tuuudo beeem!!!", antes do arranque definitivo com Beautiful day, numa explosão de som, luz e fumos. A seguir veio a velha I will follow, do primeiro álbum, Boy (1980), com a guitarra de The Edge a rasgar o espaço, numa demonstração de poder.

domingo, 3 de outubro de 2010

Uma noite inesquecível...






Não foi apenas "aparato tecnológico".
O que eu vi e ouvi: canções cheias de emoção, fragéis e humanas e outras mais enérgicas!
Bono a correr pela passarela do cenário, movendo-se de forma insinuante e outras vezes saltando no ar... riu-se connosco quando disse que Coimbra era uma cidade universitária e que os U2 nunca foram à universidade.

Estes quatro irlandeses, de 50 anos, ainda têm muito para demonstrar.