segunda-feira, 28 de junho de 2010

Não o compreendi...




O estrangeiro
"Quando nos vestimos na praia, Marie olhava-me com olhos brilhantes. Beijei-a. A partir desse momento, não falamos mais. Apertei-a contra mim, e tivemos pressa de encontrar um ônibus, de voltar, de ir para a minha casa e de nos atirarmos na minha cama."

Este pequeno enxerto do livro induz-nos a um erro, relativamente às emoções da personagem principal - Mersault. Nele tudo é diferente.
Quando li o estrangeiro, não o compreendi.A falta de sentimentos, a indiferença perante a morte da mãe, provocaram-me um mal-estar.
Agora entendo que Camus criou uma personagem com uma visão incomum em relação à nossa existência. A própria vida do autor foi marcada pelo absurdo da existência.

Camus morreu em 1960 vítima de um acidente de automóvel. Em sua maleta estava contido o manuscrito de "O Primeiro Homem", um romance autobiográfico. Por uma ironia do destino, nas notas ao texto ele escreve que aquele romance deveria terminar inacabado. Ao receber a noticia da morte de seu filho, Hélène Camus apenas pode dizer: "Jovem demais." Por coincidência ela também morre no mesmo ano que seu filho: 1960.

Uma curiosidade sobre o acidente de automóvel: Camus não deveria ter feito a viagem para Paris de carro junto com os Gallimard (Michel, Janine e a filha deles Anne). Ele iria fazer esta viagem com o poeta René Char, de trem. Mas, por insistência de Michel, ele resolve ir de carro com eles. Char também foi convidado, mas não quis lotar o carro, além de já haver comprado sua passagem (Camus também já tinha seu bilhete de trem comprado quando foi convencido a ir de carro). No acidente de automóvel o Facel-Véga de Michel se espatifou contra uma árvore. Apenas Camus morreu na hora. Michel morreu no hospital 5 dias depois. O relógio do painel do carro parou no instante do acidente: 13h 55 minutos.

1 comentário:

  1. Ondina,
    Do Camus li "A peste", mas também tenho "O estrangeiro", que está esperando na fila. Por coincidência, acabei de ouvir a maravilhosa canção de mesmo nome do Caetano Veloso, interpretada por ele, em vídeo do Youtube. É imperdível, ainda mais para mim, carioca e apaixonada pela Baía de Guanabara.
    Não conhecia os detalhes da morte do escritor. O destino, às vezes, arma peças para a gente.
    Eliane F.C.Lima

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