quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Amar não é ser egoísta


Tenho a certeza que tu és o meu maior amigo, o mais dedicado, o melhor de todos. Como eu o vi hoje bem! Como tu és leal e bom! Tão diferente de todos os outros homens que para te pagar o que no futuro hei-de dever-te, será pequena a minha vida inteira, mesmo que ela seja imensa. Os outros, amando as mulheres, são como os gatos que quando acariciam, é a eles que acariciam. Amar não é ser egoísta, é tantas, tantas vezes o sacrifício de nós próprios! A dedicação de todos os instantes, um interesse sem cálculo, uns cuidados que em pequeninas coisas se revelam e o pensamento constante de fazer a felicidade de quem se ama.

Florbela Espanca, in "Correspondência (1920)

3 comentários:

  1. Um doce sentir, como quem chora no acto de receber e canta no acto de dar!

    L.B.

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  2. Lídia,

    Comecei a gostar de Florbela Espanca no 4º ano (actual 8ºano).
    Lembro-me , perfeitamente, andava eu no liceu Ferreira de Castro, quando a minha professora de Português (das poucas professoras que nos ensinam a gostar de poesia) começou com aquele soneto ..." toda esta noite o rouxinol chorou..."

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  3. A florbela não espanca ... Encanta!
    Boa escolha, sim senhor!
    Pena que tenha amado
    "tão perdidamente
    ninguém
    e toda a gente"

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