segunda-feira, 5 de abril de 2010
A Insustentável Leveza do ser
Um livro sensível e tocante. Nos faz reflectir sobre nossa vontade de sermos um pouco livres e irresponsáveis (como Tomás). Ao mesmo tempo que reflectimos se podemos amar várias pessoas ao mesmo tempo. Os personagens são cria da coragem de Milan Kundera em nos mostrar aquilo que temos vergonha de ver reflectido no espelho. A leveza do ser seria possível se não fôssemos acovardados em nós mesmos.
O que escolher? O peso ou a leveza?
Este é o tema central deste romance. Através da história de dois casais, Tomás e Tereza, e Franz e Sabina, ele mostra que todas as nossas acções não têm sentido, exactamente porque nossas acções não se repetem, e nossa vida não acontece senão uma vez. Isso confere leveza à nossa existência; nossos actos são leves porque suas consequências não importam; são insignificantes. Tomás e Tereza são impelidos um ao outro por uma série de acasos, e estão condenados a viver juntos, embora causando um ao outro grande dor. Eles acreditam que estas coincidências são uma marca do destino; Tomás lembra uma frase de um quarteto de Beethoven que diz: “Muss es sein? Es muss sein! Es muss sein!” (Tem de ser assim? Tem de ser! Tem de ser!) Ele considerava que seu amor por Tereza era um es muss sein em sua vida, uma força que o impelia, o destino. Este es muss sein também o impele à profissão médica, às mulheres, e a abandonar sua profissão quando se recusa a se retratar por um artigo escrito por ele, e que é considerado subversivo pelas autoridades comunistas (estamos em Praga, após a invasão russa de 1968).
Tereza deseja libertar-se da invasão de sua privacidade simbolizada pela mãe, pelas limitações de sua vida, e encontra em Tomás os sinais do acaso ou destino: Beethoven, números coincidentes, livros. Ela acredita que somente o acaso tem voz; o que acontece todos os dias, e se repete, não é senão uma coisa muda. Os sinais que a ligaram a Tomás significavam para ela um outro mundo ao qual desejava pertencer, para escapar de sua vida sem sentido.
Sabina, pintora tcheca e uma das inúmeras amantes de Tomás, também deseja fugir das limitações de sua vida, e encontra na traição o meio de se libertar. Somente traindo ela pode, ao negar, escolher um outro caminho. “Trair é sair da ordem. Trair é sair da ordem e partir para o desconhecido. Sabina não conhece nada mais belo que partir para o desconhecido”.
Aconselho a lerem este livro. Eu vi o filme, há muitos anos, ainda a minha filha mais velha era bebé, e chorei.
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