quinta-feira, 23 de agosto de 2012

DOIDA NÃO E NÃO!

Verão é um tempo de colocar as minhas leituras em ordem e desordem no trabalho...
Escolhi um livro que para uma amante de História de Portugal e de temas de mulheres irreverentes, que " Entre o dever e o amor, o segundo ganhou", não podia ser melhor. De certeza que a minha sofreguidão vai-me levar rapidamente para o final da história.
 Iniciei a leitura, ontem à noite, no meu quarto... vi logo que iria gostar...


Filha e herdeira do fundador do 'Diário de Notícias'. Mulher do administrador do mesmo jornal, o escritor Alfredo da Cunha. Presa num manicómio por um «crime de amor». Os factos relevantes têm início em Novembro de 1918: era uma vez uma senhora muito rica que fugiu de casa, trocando o marido, escritor e poeta, por um amante. Tinha quarenta e oito anos, pertencia à melhor sociedade portuguesa. O homem por quem esta senhora se apaixonou tinha praticamente metade da sua idade e fora seu motorista particular. Era herdeira do 'Diário de Notícias' e a sua história chocou a sociedade da época.


Que mulher corajosa! Enfrentou uma sociedade puritana, com uma grande tenacidade.
Doida não e não! É um grito de mulher que atravessa os tempos...

Este livro mostra ainda como funcionavam os manicómios, protegidos por uma lei macabra (não encontro outro adjetivo para qualificar tal lei!) de 1911. Segundo esse decreto qualquer pessoa poderia requerer o internamento de outra no manicómio, desde que apresentasse o atestado de dois médicos e um exame de Júlio de Matos

2 comentários:

  1. «De onde eu depreendi que, para vir parar a um hospital de doidos, não é preciso estar doido, basta que os antepassados tenham tido no coração qualquer doença! Como a ciência avança!»


    Está em casa um conjunto de pseudo-valores e preconceitos que atingem a mulher na sua liberdade, na sua (é preciso dizer-se) dignidade.

    Um beijo

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  2. Assim é, Lídia.
    Naquela altura uma atitude relacionada com a sexualidade da mulher, com a idade que tinha e com um homem mais novo e doutro estrato social, eram "sintomas" mais do que suficientes para que o marido a considerasse louca.
    A ciência era tirânica e a opinião dos psiquiatras inabalável.

    Um beijo

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